sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Arbitragem

Gosto muito da polêmica. Entendo que só dessa forma saímos de um estado de torpor para a produção de alguma coisa interessante. Culturalmente, escrevemos e discutimos muito pouco sobre desporto no Brasil. Portanto, quando um post gera comentários já me considero realizado.

Arbitragem de qualquer segmento social é assunto controverso desde que foi utilizada como ferramenta para decidir um determinado assunto. Para muitos é assunto tabu, pois por mais que se discuta nunca se chega a lugar nenhum. A arbitragem desportiva, mesmo não sendo o tema central de meu post do dia 23.12, gerou respostas e posicionamentos. Sendo assim, resolvi escrever sobre o tema, com a intenção de apimentar a comunidade e quem sabe,chegarmos a algum lugar (???!!!).

Em qualquer discussão em que vem à tona arbitragem desportiva, divido o assunto em dois níveis: a internacional e a regional. A internacional acontece aos olhos daqueles que regem a modalidade. O árbitro se sente cobrado. O mundo vê. Os técnicos e dirigentes escolhidos por seus países presenciam. Existe qualidade de todos os lados. Existem equívocos. Árbitros que sentem a pressão. Os que apitam para “a casa”. Mas com tudo isso, a arbitragem se torna digerível e mais palatável. Na outra ponta existe a arbitragem regional. É aquele cara (dupla) que você encontra toda hora. Ele apita juvenil, júnior, adulto, universitário, escolar, feminino, masculino, indoor e areia. É difícil não acontecer algo de ruim. Esses árbitros apitam e ninguém vê ou orienta. Muitas vezes esse árbitro é jovem. Tem pouca experiência. Está inseguro. Conhece pouco a modalidade. Mas é ele que tem o poder. Todos esses ingredientes pioram quando o árbitro é “promíscuo”. Ele uma hora apita, na outra joga, em outra dirige uma equipe e depois é dirigente de outra. Diante de um quadro desses, considero como normal os desentendimentos.

Porém, com tudo isso, não me referindo a nenhum caso específico, jamais compactuarei com agressões aos árbitros ou a qualquer pessoa que freqüente o ambiente desportivo. Por mais que uma pessoa erre, ou você ache que o cara errou, não considero vias de fato como o melhor caminho para resolver pendências. Preocupa-me a barbárie. Fico pensando que daqui a pouco algum árbitro possa andar armado, se é que alguns já não andam. Que no conflito alguém atire em alguém. Meu ambiente de trabalho é freqüentado por amigos, minha esposa, filha, genro, sobrinho, afilhados, esposas de amigos que se tornaram amigas e colegas de equipes adversárias. Enfim, se fosse contar meus amigos relacionados ao desporto e os não relacionados, a maioria absoluta estaria na quadra ou areia. Portanto, em que pese viver num Estado onde é corriqueira a violência, não posso admitir como normal qualquer fato dessa natureza.

O avanço nessas relações virá com nós técnicos estudando e exercendo a tolerância. Com os árbitros estudando e se preparando física e mentalmente. Com os atletas treinando e sendo pacientes. Com os dirigentes usando de todos os meios para coibir as distorções desportivas e se preparando para os avanços que o mundo moderno exige. Por fim, melhoraremos com agressores sendo punidos desportivamente e tratados com psicológicos.

6 comentários:

Anônimo disse...

Prof. Guerra, é sempre bom quando há provocações para que possamos fazer novas reflexões e colocar em pauta os assuntos que merecem ser discutidos com mais profundidade.
A seguir farei algumas colocações que podem servir muito mais como novas provocações do que contribuições técnicas para o tema, pois não sou árbitro. Porém, gostaria muito que mais árbitros dessem seus pontos de vista para dar força para a discussão.
A Arbitragem é APENAS UM dentre os inúmeros fatores que podem influenciar o rendimento de uma equipe durante uma partida de beach handball. No entanto, frequentemente atribue-se a ela a responsabilidade total sobre a história de um jogo... É lamentatável que técnicos, atletas e dirigentes, sem falar nos torcedores, justifique seus resultados esportivos baseados na atuação da arbitragem, ao invés de pensar nas outras variáveis. Creio que criou-se uma cultura de que "arbitragem é sinônimo de problema", pois acaba sendo interessante para alguns...
Não devemos esquecer que alguns árbitros também acabam contribuindo para essa condição, já que pensam ser a "autoridade" ou "dono do jogo" capaz de "mandar" numa partida.
Prefiro pensar que a Arbitragem tem o papel de "mediadora" da partida, fazendo com que todos tenham a mesma condição de jogo. Para isso, todos devem também entender claramente as regras do jogo e a função do árbitro.
Vamos caminhar para que um dia a Arbitragem não seja encarada por técnicos e atletas como mais um adversário, e que a Arbitragem não veja o outro lado como uma ameaça a sua atuação.
Abraço,
Alexandre Almeida

Rio Handbeach disse...

Olha, arbitragem é um tema polêmico, como o Prof. Guerra bem disse.

Acredito que o maior mal da arbitragem é a prepotência de alguns.

Nós sabemos que os árbitros não têm a devida preparação (física, técnica ou psicológica), nota-se só de olhar pela forma física de alguns.

Por outro lado, falando especificamente do handebol de areia, a arbitragem é praticamente o único segmento da modalidade que é profissionalizado. (Não conheço nenhum atleta ou treinador remunerado pelo seu clube por trabalhar com handebol de areia.) Como todo profissional, certo seria terem a devida supervisão e a devida cobrança, coisa que não acontece.


Penso que a modalidade deve ser levada a sério por todos os seus segmentos e que, em especial, a arbitragem se preocupe com a sua qualidade técnica (pelo menos), pois são remunerados pela sua atuação.


É comum ver GRANDES besteiras feitas pelos árbitros, seguidos de poses e frases prepotentes que acabam tirando qualquer um do sério.


Agora, o colega Alexandre tem razão quando diz que criou-se uma cultura de culpar a arbitragem pelo mal rendimento. E isso não leva ninguém a lugar nenhum.


Sou do Rio de Janeiro e acho que conheço todos os árbitros daqui. Sou amigo de vários, mas conheço alguns que são mal intencionados de verdade e que continuam a atuar mesmo depois de favorecerem ou prejudicarem equipes/atletas/treinadores A, B ou C.

(Desculpem o texto meio desconexo, mas fui lembrando e fui escrevendo)

Um abraço
Marcinho

Anônimo disse...

Caros amigos da família Handebol de Areia,eu, como um representante da arbitragem e amante deste esporte tão maravilhoso, venho parabenizar mais uma vez a atitude do nosso mestre Guerrinha, que sempre coloca assuntos sobre nosso esporte, e a arbitragem aqui, não fica de fora.
Minha opinião é simples, o árbitro tem que fazer de tudo para levar o jogo em suas normas e regras, quem comanda o jogo é a regra, e o árbitro, "pelo menos" deve entendê-la e "interpretá-la muito bem.
Sei que existem problemas com a arbitragem, não acredito em "ÁRBITRO LADRÃO", acredito sim em árbitro despreparado, temos que ter uma auto - crítica muito grande e sempre buscar erros, para corrigí-los, e melhorar nas próximas partidas.
Os técnicos e atletas, na minha opinião, também tem que buscar os conhecimentos das regras, não basta ler e interpretá-las, como acontece muito, mais sim, ler, interpretá-las e buscar ajuda a um árbitro para tirar suas dúvidas.
Se todos estudarem as regras em conjunto, todos sairemos bem, e a modalidade crescerá muito, levando sempre a bons jogos e espetáculos.

Anônimo disse...

Olá professor Guerra, gostei muito do que escreveu.
Estou em conssonância com todos. Arbitragem é um caso polêmico.
A cultura brasileira, muito comum dos meios do futebol idolatra a figura do árbitro, não pelas suas qualidades, mas pela necessidade de que ele cometa erros, para que haja espaço para os famosos "papos de boleiros" sobre os jogos e isso cobtamina todas as outras modalidades. É uma questão cultural do meio esportivo.
No entanto, concordo com o que o alexandre diz ao destacar que "A Arbitragem é APENAS UM dentre os inúmeros fatores que podem influenciar o rendimento de uma equipe durante uma partida de beach handball. No entanto, frequentemente atribue-se a ela a responsabilidade total sobre a história de um jogo... É lamentatável que técnicos, atletas e dirigentes, sem falar nos torcedores, justifique seus resultados esportivos baseados na atuação da arbitragem, ao invés de pensar nas outras variáveis."
Penso que os árbitros são passíveis de erro, assim como nossos atletas e como nós enquanto treinadores.
Porém, ressalto outro ponto: árbitro tem q saber se portar como árbitro, e isso tem muito que ser discutido.
A arbitragem dependendo do ambiente em que está inserido pode e deve ter uma postura pedagógica - imaginem no handebol de areia um jogo entre duas equipes da categoria infantil, nada mais adequado que árbitros que orientem, que ensinem sobre o jogo, que sanem as dúvidas dos jogadores e dos treinadores....um árbitro-pedagogo como gosto de chamar.
Porém, essa postura não cabe no ambiente do handebol competitivo de categorias maiores, como a categoria juvenil, junior e adulta.
Logo, considero um grande erro colocarem arbitros iniciantes para apitar jogos de menores....
Alí, ele não deve ser modelado para ser árbitro de categorias maiores. Alí ele deve esatr aprendendo a ser árbitro para aquelas categorias.
Se queremos fazer um laboratório para arbitros iniciantes para o perfil competitivo de categorias maiores, eles devem ser imersos ali, talvez em competições de menor importância no calendário do handebol de areia, mas é ali que eles devem esatr.
Fica minha opinião....
Abraços a todos, e professor, parabéns pelo site!

LPHb disse...

Infelizmente nós árbitros somos um tanto "mal-vistos" entre atletas e professores ou treinadores. Atuo tanto como árbitro como técnico de equipes de handebol e sei muito bem o que é estar dos dois lados.
Dizer que os árbitros são despreparados tecnicamente, fisicamente e psicologicamente é um grande erro. Se temos árbitros que por serem do quadro nacional estão despreparados fisicamente, isso é culpa além dos próprios árbitros, culpa atmbém da CBHb que não realiza testes físicos periódicos com seus árbitros, como fazem as Confederações de Futsal e de Futebol por exemplo. O teste físico feito com os árbitros da CBHb é realizado somente no curso.
Quanto a preparação técnica, os árbitros não tem um acompanhamento como deveria ser feito, com orientações periódicas, pelo menos é assim aqui em Alagoas. Cabe a nós árbitros procurar a melhoria do nosso trabalho por conta própria, na maioria das vezes tirando as dúvidas entre nós mesmos. Quanto a preparação psicológica a situação é semelhante as descritas acima. O que poderia ser feito era um cuidado maior da CBHb e das federações com seus respectivos quadros de arbitragem. É triste ver os árbitros sendo sempre culpados pelos insucessos das equipes, quando que os reais culpados pelas derrotas transferem sua incapacidade para os árbitros. É mais fácil culpara arbitragem do que se lembrar das oportunidades de gol não convertidas, das defesas que não foram feitas, além de erros da própria comissão técnica.
Assim como o amigo Sílvio, eu não acredito que exista "árbitro ladrão", não pelo menos dentro das federações. Nenhum árbitro sai de sua casa para arbitrar uma partida já pré-disposto a prejudicar "A" ou "B".
Cabe a nós mesmos começar a pensar melhor em nossas atitudes e dos nossos atletas diante dos árbitros.
Com a mudança do pensamento de alguns, podemos ter a certeza de que podemos contribuir muito mais para o crescimento da nossa modalidade

www.handshow.blogspot.com

Guerra-Peixe disse...

Adoraria que todos os meus textos levassem à discussões e muitos comentários. Fiquei feliz pelos posicionamentos. Dessa forma vamos crescendo, conhecendo, produzindo e fazendo a modalidade melhorar. Não existe elo perdido. Árbitros, dirigentes, atletas, patrocinadores, técnicos e professores devem caminhar juntos.
Sucesso para todos!