terça-feira, 23 de março de 2010

Buscando o Significado da Expressão “panela”.

Ao longo da minha trajetória profissional ouvi diversas vezes a expressão “panela” ou “panelinha”. Uma hora dita para significar a impossibilidade de o jovem treinar na equipe de handebol da escola. Depois, para não participar de uma prática dirigida em aula de educação física. Na outra, para não participar de qualquer evento em grupo escolar. Aqui, me parece que a incapacidade de gerir sua participação em algo, leva o jovem a jogar sua frustração em expressões desse tipo.
Como técnico da seleção já ouvi muitos comentários de que a seleção era uma “panelinha”. Pasmem! Panelinha Carioca. Nem o argumento de que o número de atletas do Rio de Janeiro era infinitamente inferior aos outros estados bastava. Alguns não praticantes do Handebol de Areia, mas bons atletas da quadra acreditavam ter direito a vagas em convocações e viagens. Um tipo de feudo desportivo que o técnico de seleção deveria seguir. E tome “panelinha”, “panela do beach” e “panela da areia”. Os resultados e a obrigatoriedade de participar dos campeonatos na areia foram arrefecendo os “corneteiros”, sobrando apenas à galera do recalque.
Confesso que sempre fui combatente das expressões, que significam a pior face do desporto, ou seja, você participa por ser de um grupo, independente de sua qualidade/capacidade, em detrimento de alguém melhor qualificado. Dirigentes que pensam assim são normalmente os provincianos que muito atrapalharam o desporto nacional. Algumas regiões do país, por ter exacerbado sentimento bairrista, têm essa tendência. Mas mesmo assim, não acredito em maldade. Não acredito que o cara escolha alguém pior deixando um melhor de fora, por razões fora desporto. Pelo menos no desporto amador.
Aqui cabe boa passagem do Handebol de Areia do Brasil. Brasileiro de seleções em 1998, na cidade de Cabo Frio/RJ. Os dirigentes da CBHb, Stanley e Willian, passam para técnicos, dirigentes e árbitros documento onde deveríamos escolher 10 nomes para a formação da seleção brasileira. Pois bem, dois técnicos de diferentes estados, mas oriundos de uma mesma cidade (terceiro estado não participante), escolheram cinco de sua equipe e cinco da equipe do amigo. O outro fez a mesma coisa, mas “coincidentemente”, com os mesmos 10 nomes. Precisa mais?
Também existem os atletas de bom nível que não são escolhidos. Esses invariavelmente esquecem que na interpretação de uma comissão, alguém, naquele momento, executa melhor a função dele. Mas como são jovens, credito da mesma forma que o aluno da escola: frustração e incapacidade de gerir sua carreira no desporto.
Agora quando percebemos técnicos e dirigentes, se arvorando em apontar “panelas” e “panelinhas”, vejo logo a maldade. Ética e companheirismo não existem. É muito comum encontrarmos esses exemplos em pessoas que quando dentro consideram tudo que é feito como maravilhoso. Ao sair, atacam o sistema do qual fizeram parte e começam a “minar” as cabeças fracas. Que o diga o Sr. Manoel Luiz, presidente da CBHb, criticado por alguns antigos técnicos de seleções. Aqui me parece que essas pessoas consideram imprescindível a sua vida a participação em seleções e similares. Gosto sempre de lembrar aos meus atletas, em momentos de dificuldades: “Amigos, handebol de areia não é vida ou morte, é apenas desporto”.
Se servir para alguém, tome como pílula, duas vezes ao dia.
Forte abraço!

7 comentários:

Cami_Massari disse...

Você é muito maior que todas estas coisas. Dar ouvido a isso é esquecer os motivos que te levaram as inúmeras conquistas que teve. São tantas conquistas que fica difícil não admirar, ou invejar.
Quem inveja acha que é tudo "panela", mas no fundo está dizendo: _Gostaria de estar neste grupo, mas não posso.
Gente que não sabe reconhecer sua profunda admiração e nem sabe lidar com suas frustrações. Um dia eles aprendem ;)

Rio Handbeach disse...

O conceito de "panela" sempre estará associado a qualquer seleção. E acho natural.

No handebol (beach ou indoor) todo mundo acha que entende tudo e, assim como no futebol, cada um tem a sua seleção na cabeça. Todos que não compreendem as escolhas do treinador, apelam para esse termo.

Já vi muitas equipes virarem panelas. (Do meu ponto de vista, é claro). Sejam clubes ou seleções e penso que as críticas devem ser feitas quando os resultados são ruins.

Se a seleção brasileira de beach é panela ou não, vai ficar na cabeça de cada um. Pra mim estão os melhores. Talvez com um ou outro nome diferente. Mas eu, por estar de fora, não sei se os jogadores estão em sua melhor forma, se estão lesionados, se pediram dispensa por problemas particulares, se o clube não liberou etc.

Uma coisa me parece clara: criticar uma seleção com esses resultados não é uma atitude inteligente. Por isso, meu amigo, procure ignorá-los e continuar o bom trabalho.

Rumo ao Bicampeonato Mundial!

Um abraço
Marcinho

Bruno Verly disse...

Quem sou eu para opinar numa questão onde se envolvem cachorros grandes. Mas como estou engatinhando e buscando analisar e aprender com os melhores analiso que, chamar de panela uma seleção que possui os melhores do mundo, é incoerente. Marcinho foi feliz em dizer que caso os resultados fossem insatisfatórios, modificações teriam que ser feitas, mas lembro das palavras do Guerra dirigidas a mim no zonal do rio, em 2009:

_Como não chamar jogadores
campeões mundiais que continuam ganhando tudo?

Como foi dito anteriormente, todos nós somos treinadores e críticos, mas existem pessoas que esquecem de se preocupar com o próprio trabalho e preferem derrubar o bom trabalho dos outros.

Frase escutada por mim a alguns anos: Se você não faz parte da panela e vê muita dificuldade em entrar nela, trabalhe em dobro.

Alexandre Gomes de Almeida disse...

"Panelinha" = palavra usada como argumento por aqueles que não são capazes de reconhecer suas próprias limitações e muito menos superá-las.
Considerar a formação de uma seleção de handebol de areia como "panela" é, no mínimo, estupidez. O nível que se encontram as seleções masculina e feminina não permite a prática da "panelinha". Seria um "tiro no pé" formar uma equipe com os mais "chegados", os "queridinhos", etc e perder uma competição por não contar com os melhores atletas.
Vamos antecipar uma "cornetagem" inevitável... Na final feminina do Circuito Brasileiro temos equipes de apenas 3 Estados e quando sair a convocação é natural que a maioria das convocadas sejam do Rio de Janeiro e Paraíba, que contam com 4 equipes cada, sendo apenas 1 equipe de São Paulo.
Não podemos negar que a "panelinha" está sim presente na no handebol brasileiro, mas sabemos também que é praticada pelos que não são vencedores. Resta a eles então utilizar a CBHb como "agência de turismo". Os "feudos esportivos" do handebol brasileiro estão longe do beach handball. E que continue assim!
Grande abraço

Ted Boy disse...

Boa noite a todos

Concordo quase 100% com todos, mas às vezes a frustação pela não convocação é muito grande e começam as "conversinhas" ,mas acredito que o trabalho é ótimo as estatísticas mostram (eu falo sobre o masculino) e a escolha deste ou daquele nome depende de uma comissão técnica e ela deve ser críticada quando cometer erros e aplaudida quando acertar e ultimamente é o que mais acontece.
Mas preciso críticar a a decisão de as equipes poderem pegar jogadores de outras equipes não classificada para a final, achei e continuo achando um absurdo, mudar as regras no meio do campeonato não existe, disseram que era para os atletas selecionáveis não ficarem de fora da final para poderem ser convocados, bem alguns não virão e acredito que mesmo assim deveriam ser convocados pois são talentosissímos e mereceriam ser convocados.
Erros e acertos de quem toma a frente de algo acontecem, mas a avaliação do trabalho é essencial e os resultados da seleção falam ´por si só.

Grande abraço

Guerra-Peixe disse...

Estou aprontando malas, mas ao meu amigo Ted terei que responder rápido. De João Pessoa responderei os outros.
Amigo Ted, você está confundindo tudo. Tendo disputado a fase regional do circuito, o atleta já estará apto à convocação. Não é imperativo que dispute a final. Portanto, nenhum atleta selecionável estará impedido de ser convocado.
Quanto ao item da regra que foi retificado, já na primeira etapa os participantes do circuito sabiam que ela poderia acontecer. O objetivo é dar chance, por exemplo, ao Ted Boy, goleiro de excelência, participar da final se a sua equipe não se classificar. Tivemos a intenção de dar qualidade à competição. Você que faz parte de uma equipe com espírito democrático, que pensa no crescimento do Handebol de Areia, que não busca montar uma seleção, deveria entender bem isso.
Para finalizar, o regulamento tem que ser maleável. Assim teremos condições de aprimorar e corrigir rumos. Eu ajudo, mas não estou na cabeça. Se estivesse, os bons atletas não ficariam de fora nunca. São eles os verdadeiros artistas. É o Gil. É o Jefte. A Camilinha. A Zezé. O Ted Boy e tantos outros. Os novos crescem e se espelham nesses. Deixá-los de fora é uma afronta ao marketing desportivo. Precisamos estar lá com os melhores. Temos que fazer uma modalidade espetáculo. Equipes que não tiveram grana para viajar, tirarão o brilho da disputa, infelizmente!
Forte abraço!

Ted Boy disse...

Professor obrigado pela atenção, acredito também que todos os grandes jogadores devam jogar , são espelho para os novos e em uma modalidade showm quem o dá deve sempre participar, só não concordei com a maneira que aconteceu, isso sendo acordado antes e se procurarmos deixar bem clara as condições acharei perfeito, quem ganha com campeonatos de melhor nível são os próprios atletas e o Handebol de Areia nacional, boa sorte nesta sua empreitada com a equipe feminina e um grande abraço.